domingo, 1 de dezembro de 2013

CASO LIANA FRIEDENBACH e FELIPE CAFFÉ, Embu-Guaçu/SP (2003) - 32ª edição



Liana, 16 anos, e Felipe, 19 anos, eram um jovem casal de namorados que, desejando passar um fim de semana juntos em um acampamento em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, contaram uma história para seus pais que terminou de forma trágica.

Saíram de casa no dia 31 de outubro de 2003, uma sexta-feira, em direção a Embu-Guaçu, aproximadamente 40km da capital... Liana disse que iria para Ilha Bela com um grupo de amigas; Felipe, por sua vez, disse que iria acampar com colegas.

Chegaram à Embu-Guaçu por volta das 9h... na cidade, compraram macarrão instantâneo, água, biscoitos e leite em pó. Pegaram outro ônibus para Santa Rita, um lugarejo próximo a um sítio abandonado...

No dia 1º de novembro (sábado), já com a barraca de camping montada, foram vistos por Roberto Aparecido Alves Cardoso, na época menor com 16 anos, conhecido como “Champinha”, e um amigo, Paulo César da Silva Marques, chamado “Pernambuco”, que seguiam para a região onde sempre pescavam, quando viram o casal, e decidiram roubá-los.

À tarde, Pernambuco e Champinha deram início à empreitada criminosa: abordaram os jovens dormiam enquanto dormiam na barraca e se decepcionaram por não encontrar muito dinheiro. Decidiram, então, levá-los para a casa de Antonio Matias de Barros (48), na mesma região. Como este não estava em casa, seguiram para a residência de Antonio Caetano Silva (50), que estava vazia – tornou-se o cativeiro.

Barraca do casal

Segundo informações, neste mesmo dia à noite, Liana foi estuprada por Pernambuco enquanto Felipe permanecia em outro quarto... na manhã do dia 2 (domingo) foram obrigados a caminhar no meio do mato, Pernambuco seguiu na frente com Felipe e o matou com um tiro na nuca. Mentiram à Liana dizendo que o rapaz fora libertado...

Pernambuco fugiu para São Paulo e Liana permaneceu com o adolescente na casa de Silva, sendo novamente estuprada, agora por Champinha.

Criminosos

Neste domingo (02/11), o pai de Liana descobriu que a filha tinha viajado com Felipe e, acreditando que ambos poderiam ter se perdido na mata, acionou o COE, que deu início às investigações na manhã da segunda (03/11)... encontraram a barraca, as roupas dos jovens, carteira e o celular de Liana.

Silva, ao chegar em casa com o amigo Aguinaldo Pires (41), encontrou Champinha com Liana, apresentando-a como sua “namorada” e oferecendo-a para que os colegas abusassem dela... Pires aceitou a “oferta”. No fim da tarde da segunda, o irmão de Champinha foi à sua procura, pois, sua mãe estava preocupada com seu desaparecimento e o alertou sobre a movimentação de policiais na região. Champinha disse que Liana era sua namorada e que a levaria até a rodoviária, pois, estava indo embora.

Apresentação dos criminosos e armas usadas.

Passaram mais dois dias, na madrugada do dia 5/11 (quarta-feira), Champinha levou Liana até um matagal, tentou degolá-la e, segundo a polícia, golpeou a cabeça da jovem com uma peixeira. Quando a menina caiu no chão, Champinha a atingiu pelas costas e no tórax, e fugiu.

Seus corpos só foram encontrados no dia 10 de novembro... seus algozes foram presos quatro dias depois:
Roberto Aparecido Alves Cardoso, “Champinha”, encaminhado para a unidade da FEBEM, de Vila Maria;
Antonio Caetano da Silva;
Antonio Matias de Barros;
Aguinaldo Pires;
Paulo César da Silva Marques, “Pernambuco”.

No dia 20 de julho de 2006, foram condenados:
Agnaldo Pires à 47 anos e 3 meses de reclusão por estupro;
Antônio Caetano à 124 anos de reclusão por vários estupros; e
Antonio Matias à 6 anos de reclusão e 1ano, 9 meses e 15 dias de detenção por cárcere privado, favorecimento pessoal, ajuda à fuga dos outros acusados e ocultação da arma do crime.

Roberto Aparecido Alves Cardoso
o "Champinha"

Champinha admitiu ter participado do crime... no dia 02 de maio de 2007, fugiu da unidade da FEBEM, na Vila Maria, meses depois de ser recomendado para a Unidade Experimental de Saúde, pelo Departamento de Execuções da Infância e da Juventude (DEIJ) – que determinou a substituição da medida socioeducativa pela aplicação de medida protetiva de tratamento psiquiátrico de contenção, com base em laudos psiquiátricos que atestaram seu progresso “insuficiente e frágil quanto às características negativas de sua personalidade apuradas na época dos fatos que ensejaram a referida medida”, declarando que ele ainda apresentava ações antissociais violentas e extremamente vulnerável a situações de risco, caso receba “estímulos inadequados ou se associe a pessoas inescrupulosas”.

Em março deste ano (2013), conforme veiculado por vários sites e noticiários, como a Folha de São Paulo, “relatores da ONU estiveram no Brasil e sugeriram que o local fosse fechado”, dizendo que “não há base legal para detenção dos jovens”. Portanto, o Ministério Público Federal pediu o fechamento da Unidade Experimental de Saúde, “considerada ilegal pelo órgão e por ao menos outras quatro instituições – três ONGs e o Conselho Regional de Psicologia”. Segundo o procurador do Núcleo de Direitos Humanos, Pedro Antônio de Oliveira Machado, ele quer que esses jovens recebam tratamento adequado e, de acordo com a própria Secretaria de Saúde, estes “não recebem tratamento medicamentoso e só têm atividades por conta de ordens judiciais”. Defende a “desinternação monitorada” de três dos jovens internos, excluindo Roberto. Resta saber o que virá a seguir.

O último a ser julgado, em 08 de novembro de 2007, Paulo César da Silva Marques, o “Pernambuco”, negou ter atirado em Felipe e estuprado Liana, dizendo que confessou o crime sob pressão da polícia. Foi condenado à 110 anos e 18 dias de prisão, em regime fechado, por homicídio qualificado, sequestro, estupro e cárcere privado.

Reportagem com todos os detalhes e investigação sobre o caso:


Fonte: Último Segundo IG
           Folha de São Paulo
           Veja online
           A&E – Investigação Criminal


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