Liana,
16 anos, e Felipe, 19 anos, eram um jovem casal de namorados que,
desejando passar um fim de semana juntos em um acampamento em
Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, contaram uma história para seus
pais que terminou de forma trágica.
Saíram
de casa no dia 31 de outubro de 2003, uma sexta-feira, em direção a
Embu-Guaçu, aproximadamente 40km da capital... Liana disse que iria
para Ilha Bela com um grupo de amigas; Felipe, por sua vez, disse que
iria acampar com colegas.
Chegaram
à Embu-Guaçu por volta das 9h... na cidade, compraram macarrão
instantâneo, água, biscoitos e leite em pó. Pegaram outro ônibus
para Santa Rita, um lugarejo próximo a um sítio abandonado...
No
dia 1º de novembro (sábado), já com a barraca de camping montada,
foram vistos por Roberto Aparecido Alves Cardoso, na época menor com
16 anos, conhecido como “Champinha”, e um amigo, Paulo César da
Silva Marques, chamado “Pernambuco”, que seguiam para a região
onde sempre pescavam, quando viram o casal, e decidiram roubá-los.
À
tarde, Pernambuco e Champinha deram início à empreitada criminosa:
abordaram os jovens dormiam enquanto dormiam na barraca e se
decepcionaram por não encontrar muito dinheiro. Decidiram, então,
levá-los para a casa de Antonio Matias de Barros (48), na mesma
região. Como este não estava em casa, seguiram para a residência
de Antonio Caetano Silva (50), que estava vazia – tornou-se o
cativeiro.
Barraca do casal |
Segundo
informações, neste mesmo dia à noite, Liana foi estuprada por
Pernambuco enquanto Felipe permanecia em outro quarto... na manhã do
dia 2 (domingo) foram obrigados a caminhar no meio do mato,
Pernambuco seguiu na frente com Felipe e o matou com um tiro na nuca.
Mentiram à Liana dizendo que o rapaz fora libertado...
Pernambuco
fugiu para São Paulo e Liana permaneceu com o adolescente na casa de
Silva, sendo novamente estuprada, agora por Champinha.
Criminosos |
Neste
domingo (02/11), o pai de Liana descobriu que a filha tinha viajado
com Felipe e, acreditando que ambos poderiam ter se perdido na mata,
acionou o COE, que deu início às investigações na manhã da
segunda (03/11)... encontraram a barraca, as roupas dos jovens,
carteira e o celular de Liana.
Silva,
ao chegar em casa com o amigo Aguinaldo Pires (41), encontrou
Champinha com Liana, apresentando-a como sua “namorada” e
oferecendo-a para que os colegas abusassem dela... Pires aceitou a
“oferta”. No fim da tarde da segunda, o irmão de Champinha foi à
sua procura, pois, sua mãe estava preocupada com seu desaparecimento
e o alertou sobre a movimentação de policiais na região. Champinha
disse que Liana era sua namorada e que a levaria até a rodoviária,
pois, estava indo embora.
Apresentação dos criminosos e armas usadas. |
Passaram
mais dois dias, na madrugada do dia 5/11 (quarta-feira), Champinha
levou Liana até um matagal, tentou degolá-la e, segundo a polícia,
golpeou a cabeça da jovem com uma peixeira. Quando a menina caiu no
chão, Champinha a atingiu pelas costas e no tórax, e fugiu.
Seus
corpos só foram encontrados no dia 10 de novembro... seus algozes
foram presos quatro dias depois:
→
Roberto
Aparecido Alves Cardoso, “Champinha”, encaminhado para a unidade
da FEBEM, de Vila Maria;
→
Antonio
Caetano da Silva;
→
Antonio
Matias de Barros;
→
Aguinaldo
Pires;
→
Paulo
César da Silva Marques, “Pernambuco”.
No
dia 20 de julho de 2006, foram condenados:
→
Agnaldo
Pires à 47 anos e 3 meses de reclusão por estupro;
→
Antônio
Caetano à 124 anos de reclusão por vários estupros; e
→
Antonio
Matias à 6 anos de reclusão e 1ano, 9 meses e 15 dias de detenção
por cárcere privado, favorecimento pessoal, ajuda à fuga dos outros
acusados e ocultação da arma do crime.
Roberto Aparecido Alves Cardoso o "Champinha" |
Champinha
admitiu ter participado do crime... no dia 02 de maio de 2007, fugiu
da unidade da FEBEM, na Vila Maria, meses depois de ser recomendado
para a Unidade Experimental de Saúde, pelo Departamento de Execuções
da Infância e da Juventude (DEIJ) – que determinou a substituição
da medida socioeducativa pela aplicação de medida protetiva de
tratamento psiquiátrico de contenção, com base em laudos
psiquiátricos que atestaram seu progresso “insuficiente e frágil
quanto às características negativas de sua personalidade apuradas
na época dos fatos que ensejaram a referida medida”, declarando
que ele ainda apresentava ações antissociais violentas e
extremamente vulnerável a situações de risco, caso receba
“estímulos inadequados ou se associe a pessoas inescrupulosas”.
Em
março deste ano (2013), conforme veiculado por vários sites e
noticiários, como a Folha de São Paulo, “relatores da ONU
estiveram no Brasil e sugeriram que o local fosse fechado”, dizendo
que “não há base legal para detenção dos jovens”. Portanto, o
Ministério Público Federal pediu o fechamento da Unidade
Experimental de Saúde, “considerada ilegal pelo órgão e por ao
menos outras quatro instituições – três ONGs e o Conselho
Regional de Psicologia”. Segundo o procurador do Núcleo de
Direitos Humanos, Pedro Antônio de Oliveira Machado, ele quer que
esses jovens recebam tratamento adequado e, de acordo com a própria
Secretaria de Saúde, estes “não recebem tratamento medicamentoso
e só têm atividades por conta de ordens judiciais”. Defende a
“desinternação monitorada” de três dos jovens internos,
excluindo Roberto. Resta saber o que virá a seguir.
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/04/1266580-prisao-que-abriga-champinha-pode-acabar.shtml
O
último a ser julgado, em 08 de novembro de 2007, Paulo César da
Silva Marques, o “Pernambuco”, negou ter atirado em Felipe e
estuprado Liana, dizendo que confessou o crime sob pressão da
polícia. Foi condenado à 110 anos e 18 dias de prisão, em regime
fechado, por homicídio qualificado, sequestro, estupro e cárcere
privado.
Reportagem
com todos os detalhes e investigação sobre o caso:
Fonte:
Último Segundo IG
Folha
de São Paulo
Veja
online
A&E
– Investigação Criminal
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